sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Como é bom ser Gaúcho

Gaúcho,uma palavra tão pequena, mas que tem um grande significado para mim. Me orgulho muito de ter nascido em uma terra tao bonita e cheia de riquezas, de poder dizer que sou descendente de um povo batalhador, guerreiro, que lutou durante dez anos defendendo seus ideais. Também me orgulho em morar em um estado que está em primeiro lugar no Brasil em quesitos de saúde e educação, que tem o menor número de analfabetos, o menor número de mortalidade infantil e o maior número de pessoas formadas em curso superior.
Além disso, acho lindo o sotaque gaúcho, nossos custumes e tradições, o custume de levantar cedo e tomar um chimarrão , de fazer um bom churrasco aos domingos, de enciliar o cavalo e ir para o campo, de frequentar o CTG e dançar as danças tradicionalistas que são característica do nosso estado.
Enfim, ser gaúcho naõ é apenas ter nascido no Rio Grande do Sul, é muito mais que isso, gaúcho é saber honrar a nossa bandeira, é carregar o estado no coração por onde for, é poder se orgulhar de fazer parte de um povo tão hospitaleiro, que tem raça, e que principalmente não desiste nunca.

Marielly Almeida Canto

E.M.E.F.Profª Maria de Lourdes Freitas de Andrade

Um comentário:

Anônimo disse...

No grande sobradão à beira de minha infância e do Jacuí, eu tinha pouco mais de três anos quando comecei a freqüentar uma sala de aula. Era um curso de alfabetização para adultos, noturno, ministrado por minha mãe. Para mim, uma brincadeira, pois nem precisava sair de casa. Por uma porta lateral no interior de minha própria casa eu entrava, quase sempre no colo. Minha mãe me soltava entre os bancos rústicos e compridos, como de igreja. E eu saltava para o colo dos jovens de 16 a mais de 20 anos, com alegria inocente. Uns tinham cadernos, outros não. Muitos garatujavam sobre papéis de embrulho suas primeiras letras: eram pobres, muito pobres, eu saberia depois. De uma moça me lembro, do seu verde brinco pingente, do olhar doce e claro como ela, cheirinho de sabonete "Dorly". Eu a preferia a todos os seus colegas, pois ela me enchia de carinho.
Quando um marmanjo se atrapalhava lá no quadro negro, eu era "convocado" por minha mãe a garatujar o quadro. Isso, é claro, era o máximo para mim. E a mocinha clara lá ia comigo ao colo, balançando seu brinco verde, para que eu pudesse ficar na altura necessária para rabiscar no quadro. Era fácil para mim, lembro bem. Eu gostava muito das letras...
Às vezes faltava luz. Mas havia lampiões para serem acendidos. E velas. E eu adorava aquela penumbra, pois mais facilmente me esgueirava por baixo dos bancos e de um colo para outro ... até minha mãe me repreender ou me enviar de volta para casa. O que era fácil, pois minha casa era a mesma da escola: eu apenas saía de uma porta e entrava em outra.
Aquela era uma atividade muito amorosa de minha mãe, que gostava imensamente de alfabetizar. Ela era professora do Grupo Escolar de Charqueadas, que anos depois haveria de se chamar "Henri Duplan".
Hoje, mais de setenta anos depois, sei que a ajudei a transmitir amor pelas letras. Eu próprio aprendi a amá-las. Escrevi vários livros, semeei o que ela me ensinou, mas tanto meus leitores como os doutos em literatura que me deram prêmios (no Brasil e Exterior) sequer suspeitam de que tudo começou com ela, naquele sobradão à beira do Jacuí e da minha infância. E, bem se vê, com moldura das planícies do meu Rio Grande e dos afetos de tanta gente boa e anônima que me ajudou a construir meus próprios horizontes.
Minha mãe se chamava MARIA DE LOURDES FREITAS DE ANDRADE.
Hoje, dia de Finados, com saudade de minha terra e desejoso de estar junto ao tumulozinho simples de meus pais, aí em Charqueadas, sinto em mim -- mais do que em outros dias -- a seiva dos meus Antepassados e do meu Rio Grande ainda palpitando sob estes meus 74 anos.
Parabéns à Escola que tem o nome de minha mãe!
Orgulho-me de vocês.
Floro Freitas de Andrade